Tanto o Olire quanto o Lirux são medicamentos à base de liraglutida, o mesmo princípio ativo dos medicamentos Saxenda e Victoza da Novo Nordisk, cuja patente caiu este ano no Brasil. A molécula é classificada como análoga ao GLP-1, um hormônio produzido pelo intestino e liberado na presença de glicose. Ele sinaliza ao cérebro que estamos alimentados, diminuindo o apetite, além de aumentar os níveis de insulina e equilibrar os níveis de açúcar no sangue.
O medicamento da EMS é produzido inteiramente no Brasil, e é o primeiro dessa categoria a ser fabricado por aqui. Além disso, os medicamentos não são considerados genéricos. Segundo a farmacêutica, a liraglutida foi aprovada pela Anvisa como um novo medicamento de ingrediente ativo já registrado no Brasil, fruto de inovação tecnológica exclusiva no país, baseada em plataforma de síntese química.
"Olire e Lirux são medicamentos à base de liraglutida, produzidos a partir de uma tecnologia moderna que envolve a síntese química de peptídeos e é pautada nos guias da FDA (agência americana) mundialmente reconhecidos, reproduzindo a cadeia peptídica com alto grau de pureza e rendimento. Essa tecnologia é a que está viabilizando inclusive as novas gerações de hormônios peptídicos", explica Iran Gonçalves Jr., diretor médico da EMS.
Como os análogos de GLP-1 disponíveis no Brasil, ele será aplicado via injeção subcutânea. A liraglutida costuma requerer injeções diárias, o que será o caso do Olire e Lirux -- diferentemente da semaglutida (princípio do Ozempic e Wegovy), que costuma ser tomada uma vez por semana.
A dose de Lirux é até 1,8 mg ao dia e será comercializada em embalagens com uma, duas, três, cinco e dez canetas. Enquanto o Olire pode ter a aplicação de até 3 mg diários, e terá pacotes com uma, três e cinco canetas. Cada caneta possui 3 ml da solução com concentração de 6 mg/ml.
Estes medicamentos são fabricados por meio da UltraPurePep, uma tecnologia existente para criar a nova geração de análogos de GLP-1, que proporciona alto grau de pureza e rendimento.
"Nos estudos clínicos da Olire, a eficácia média gira em torno de 8% a 10% de perda de peso ao longo de 6 meses a 1 ano. No entanto, na prática, há bastante variação entre os pacientes: algumas pessoas respondem muito bem, enquanto outras têm pouca ou nenhuma resposta", explica Marcio Krakauer, médico endocrinologista cofundador da G7med.
O tratamento com Olire é indicado para obesidade ou sobrepeso em pacientes com IMC acima de 27, desde que associado a alguma comorbidade, como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia (colesterol alto), risco cardiovascular, doenças renais ou coronárias. Enquanto o tratamento com Lirux é indicado para o tratamento de adultos, adolescentes e crianças acima de 10 anos com diabetes tipo 2, quando dieta e exercício físico sozinhos não conseguem controlar a glicemia.
"Embora a liraglutida tenha uma potência menor que a semaglutida (como o Ozempic) e a tirzepatida (como o Mounjaro), ela continua sendo uma opção bastante eficaz para muitos pacientes", avalia Krakauer.
Segundo a EMS, a previsão é produzir 200 mil canetas (entre Olire e Lirux) para o atendimento dos primeiros meses de lançamento. Em 12 meses, deverão ser disponibilizadas mais de 500 mil unidades no Brasil, segundo a farmacêutica. De acordo com a empresa, os medicamentos serão comercializados com preço de tabela entre 10% e 20% abaixo das marcas de referência do mercado.
A EMS também já se prepara para o lançamento da semaglutida em 2026, quando a patente do medicamento expirará no Brasil.